Um dos meus locais favoritos em Israel é o Mar da
Galiléia. É uma linda experiência fazer um passeio de barco em suas águas calmas
e tranquilas. Embora conheçamos sua reputação de tempestades súbitas e
violentas, ainda nos aventuramos.
Ser um seguidor de Cristo não nos imuniza
contra problemas. Nossa vida ainda é suscetível a “tempestades súbitas”. Mas nos
aventuramos mesmo assim, confiando no Deus que nos promete: “Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando,
pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te
queimarás, nem a chama arderá em ti” (Is 43.2).
Como as tempestades no Mar da Galiléia, que
vêm furiosamente e sem aviso, três grandes tempestades, todas no período de um
ano, abateram-se sobre mim e minha esposa, inesperadamente, vários anos atrás.
Mas nós sabíamos que Jesus, o Deus Homem, acalmou os ventos e as ondas com Sua
Palavra. Ele nunca abandonou Seus discípulos em tempos de dificuldade. Portanto,
sabíamos que Ele estava conosco, e nos apegamos à promessa: “Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos atemorizeis
diante deles, porque o Senhor, vosso Deus, é quem vai convosco; não vos deixará,
nem vos desamparará” (Dt 31.6).
A primeira tempestade que sacudiu nosso barco
aconteceu quatro anos atrás quando foi diagnosticado que eu estava com um câncer
chamado mieloma múltiplo. Não poderia ter acontecido numa época pior. Eu estava
totalmente ocupado na produção de um filme evangélico: Rossvally: From the
Synagogue to the Savior [Rossvally: Da Sinagoga ao Salvador]. Estava
completamente envolvido em escrever, reescrever, ser ator, e fazer tudo o mais
que é necessário na produção de um filme. Fui ao médico para meu check-up de
rotina e soube que tinha câncer. Como eu estava tão envolvido em meu projeto,
não sentia nenhum sintoma. Ficamos em estado de choque. Por que Deus permitiria
que isto acontecesse logo agora?
O Senhor nos ajudou a passar pelas provações. As
muitas orações do fiel povo de Deus também nos deram uma força adicional para
permanecermos firmes: “Fez cessar a tormenta, e as ondas se acalmaram”.
Durante o longo e intenso tratamento e em
meio ao horrível “torpor na mente” causado pelos medicamentos fortíssimos e
tóxicos, eu lutava para ler o Livro de Salmos. Havia muitas passagens que me
sustentavam. Como fazia o papel de um cirurgião militar no filme, personalizava
o Salmo 20.7: “Uns confiam em carros,
outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Senhor, nosso
Deus”. Em meus momentos
devocionais, eu via as carruagens e os cavalos como sendo todos os cuidadores da
minha saúde e os tratamentos médicos. Embora eles todos fossem excelentes e
necessários, eu me apoiava na Palavra que falava do Senhor como sendo minha
ajuda maior: “O meu socorro vem do
Senhor, que fez o céu e a terra” (Sl 121.2).
Cerca de um mês mais tarde, a segunda onda de
aflição se abateu sobre nós. Minha esposa, Janis, subitamente sentiu seu braço
direito e sua perna direita ficarem sem firmeza. Descobrimos que dois esporões
em seu pescoço estavam pinçando a medula vertebral. Era algo tão sério que o
médico achou que a medula iria se romper. Ela chorou ao telefone quando me
contou o que estava acontecendo. Nunca me senti tão impotente.
Cinco dias mais tarde, ela estava na mesa de
cirurgia. Tudo deu certo, mas durante seis meses Janis teve que usar uma
braçadeira especial no pescoço. A despeito de seu desconforto, ela continuava a
cuidar de mim. Era a Palavra que lhe dava consolo: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos
aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é
suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30).
Oito meses depois, enquanto eu passava 19 dias no
hospital por causa de um difícil tratamento específico, a terceira onda se
abateu sobre nós. A doença de Alzheimer havia vencido a querida mãe de Janis.
Durante os anos em que ela viveu conosco, vimos gradativamente a doença tomando
conta dela. Finalmente, ficou quase que insuportável ver aquela doce senhora se
transformar em alguém que era constantemente negativa. Houve momentos em que
Janis achou que não era mais capaz de dar conta daquele trabalho.
Entretanto, durante todo aquele tempo, ela
se apoiou na voz de Deus através de Sua Palavra: “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o
teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel”
(Is 41.10).
Finalmente, essas circunstâncias de sofrimento
começaram a diminuir. A Palavra de Deus era como o bálsamo de Gileade para nós.
Por meio dele, o Senhor nos disse que estava em nosso barco, por assim dizer. As
tempestades não iriam nos vencer. O Senhor nos ajudou a passar por elas. As
muitas orações do fiel povo de Deus também nos deram uma força adicional para
permanecermos firmes: “Fez cessar a tormenta, e
as ondas se acalmaram” (Sl 107.29).
Autor: Peter Colón - Israel My
Glory
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